Mavi Veloso

Mavi Veloso


Conhecemos perfeitamente o poliformismo das formigas, das abelhas e das vespas, eu digo a mim mesmo. Mavi Veloso é polimórfica, não é uma doença musical. É saudável viver com curiosidades sobre os mundos ao nosso redor e o mundo que recriamos dentro de nós. Mavi Veloso é uma brasileira com asas de aço. Em um sonho anterior, como uma graça, eu a escutei cantando no Teatro da vida como Mário Reis com sua autêntica sonoridade contemporânea, a fim de revolucionar um mundo que se tornara reacionário novamente. Um tempo favorável à imutabilidade das substâncias e onde ela decide, apesar de tudo, penetrar em metamorfoses bonitas e ternas. Nesse sonho multicolorido, divertido caleidoscópio, eu vejo Mavi Veloso comendo maçãs, bananas, morangos selvagens ou inflando balões cor de rosa em um elevador, a vida se ergue, se abaixa, ergue, abaixa... nesse mundo, novamente, as ninfas se tornam fontes; as carruagens, abóboras; os deuses, núvens douradas. Não seria a imobilidade um dogma?

No sonho, eu encontro Mavi em nuvens douradas. Como se ela tivesse retornado à infância, fascinada pelo desejo de voar sobre o visível e observar seu futuro, suas novas mutações. Ela anda nas nuvens como andamos contra o vento. O homem não é um pássaro, e atravessar o mundo enquanto voa é uma difícil proeza. Que todas as fascinações dão um jeito de tornar real. Olá, Mavi ! , que, em francês, pode ser entendido como Minha vida, Ma vie. Eu me chamo Patrick Lowie, escrevo retrátos oníricos deste lugar aqui, ao seu lado. Ela me olha com sua inesperada beleza, o corpo armado de movimentos amplos, dignos da mulher mais bonita do cinema americano dos anos trinta e me diz: Eu não tenho muito a te dizer, exceto que eu aprendi a voar. No começo eu estava no chão e desdobrando meus braços como se fossem asas. Eu os mexi e consegui me erguer... não tão alto, mas eu estava voando. Ela estava convencida de que, se movesse os braços mais rápido, iria voar ainda mais e se tornar um pássaro. Por que um pássaro? Eu disse. A nuvem era suave e macia. Porque dentro de mim, eu sempre soube que era um pássaro.
 
Maxi Veloso

Passando por outra núvem, que não era suave nem macia, seus braços estavam alongados. Ela machuca seu pé, eu o coração. A pressão na cabeça se torna insustentável. Um som estridente nos ouvidos, insuportável. Sabe, Patrick, nós estamos em um sonho, nunca se esqueça, nós devemos aprender a nos controlar para deixar esse lugar. De volta à vida. E você, o que faz? Eu respiro em silêncio e depois enfatizo: Eu me torno o homem que persegue os ventos, esperando por um novo sinal. Eu nunca soube quem estava dentro de mim. Ela me diz que eu tenho muitas fantasias, que seu país a carece delas, que ela não quer voltar, para cair na armadilha, que ela quer se mexer, roubar, amar, criar, viver. Ser o que ela sempre foi: um pássaro.

O site de Mavi Veloso




Tradução : Marcelo Favaretto