Mavi Veloso
No sonho, eu encontro Mavi em nuvens douradas. Como se ela tivesse retornado à infância, fascinada pelo desejo de voar sobre o visível e observar seu futuro, suas novas mutações. Ela anda nas nuvens como andamos contra o vento. O homem não é um pássaro, e atravessar o mundo enquanto voa é uma difícil proeza. Que todas as fascinações dão um jeito de tornar real. Olá, Mavi ! , que, em francês, pode ser entendido como Minha vida, Ma vie. Eu me chamo Patrick Lowie, escrevo retrátos oníricos deste lugar aqui, ao seu lado. Ela me olha com sua inesperada beleza, o corpo armado de movimentos amplos, dignos da mulher mais bonita do cinema americano dos anos trinta e me diz: Eu não tenho muito a te dizer, exceto que eu aprendi a voar. No começo eu estava no chão e desdobrando meus braços como se fossem asas. Eu os mexi e consegui me erguer... não tão alto, mas eu estava voando. Ela estava convencida de que, se movesse os braços mais rápido, iria voar ainda mais e se tornar um pássaro. Por que um pássaro? Eu disse. A nuvem era suave e macia. Porque dentro de mim, eu sempre soube que era um pássaro.
Passando por outra núvem, que não era suave nem macia, seus braços estavam alongados. Ela machuca seu pé, eu o coração. A pressão na cabeça se torna insustentável. Um som estridente nos ouvidos, insuportável. Sabe, Patrick, nós estamos em um sonho, nunca se esqueça, nós devemos aprender a nos controlar para deixar esse lugar. De volta à vida. E você, o que faz? Eu respiro em silêncio e depois enfatizo: Eu me torno o homem que persegue os ventos, esperando por um novo sinal. Eu nunca soube quem estava dentro de mim. Ela me diz que eu tenho muitas fantasias, que seu país a carece delas, que ela não quer voltar, para cair na armadilha, que ela quer se mexer, roubar, amar, criar, viver. Ser o que ela sempre foi: um pássaro.
O site de Mavi Veloso
Tradução : Marcelo Favaretto